Espiritualidade Litúrgica, Liturgia, CNBB, Guia Litúrgico Pastoral II
II -
CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA
“A celebração
da missa, como ação de Cristo e do povo de Deus hierarquicamente ordenado, é o
centro de toda a vida cristã tanto para a Igreja universal como local e também
para a vida dos fiéis” (IGMR 16).
“É por isso de
máxima conveniência dispor a celebração da Missa ou Ceia do Senhor de tal forma
que os ministros e os fiéis, participando cada um conforme sua condição,
recebam mais plenamente aqueles frutos que o Cristo Senhor quis prodigalizar,
ao instituir o sacrifício eucarístico de seu corpo e sangue, confiando-o à sua
dileta esposa, a Igreja, como memorial de sua paixão e ressurreição” (IGMR 17).
“Isto se
conseguirá de modo adequado se, levando em conta a natureza e as circunstâncias
de cada assembléia, toda a celebração for disposta de tal modo que leve os
fiéis à participação consciente, ativa e plena do corpo e do espírito, animada
pelo fervor da fé, da esperança e da caridade. Esta é a participação
ardentemente desejada pela Igreja e exigida pela própria natureza da
celebração. Ela constitui um direito e um dever do povo cristão em virtude do
seu batismo” (IGMR 18).
A natureza da
eucaristia como Ceia do Senhor e o direito e dever de a assembléia nela
participar ativa, consciente e plenamente exigem, antes de mais nada, que na
missa se faça aquilo que Jesus fez na última ceia e que ele mandou fazer em sua
memória - tomou o pão, deu graças, partiu o pão e o deu a seus discípulos,
depois tomou o cálice, deu graças e o deu a seus discípulos - para assim
celebrar sua entrega total ao Pai para a salvação do mundo.
Deve-se,
portanto, respeitar a estrutura fundamental da celebração eucarística, conforme
o exemplo e o mandato do Senhor. Ela nos é dada no rito da missa. Este, ao
longo da história foi enriquecido e, em certas épocas, deturpado. O Concílio
Vaticano II restaurou sua forma clássica. De fato, nós fazemos na missa o que
Jesus fez na última ceia: Ele tomou o pão, na preparação das oferendas o pão e
o vinho são levados ao altar; Jesus deu graças, nós rezamos a oração
eucarística; Jesus partiu o pão, nós o fazemos também antes da comunhão e
acompanhamos esta fração do pão com o canto do “Cordeiro de Deus”; ele deu o
pão, os ministros dão o corpo e o sangue de Cristo na comunhão.
A preparação
das oferendas não deve dar a impressão de já ser o oferecimento do sacrifício
eucarístico ou de ser a parte mais importante da missa. A oração eucarística é
o ponto culminante da missa e, pela dignidade e solenidade de sua realização,
assim precisa aparecer. A fração do pão deve ser um gesto visível e
significativo. Na comunhão, se dá o corpo de Cristo , se possível, se dê também
o sangue do Senhor.
Não se
saliente indevidamente os elementos que não pertencem à estrutura fundamental
da missa, como adoração prolongada no centro da oração eucarística, depois das
palavras de Jesus sobre o pão e o vinho; oração pela paz recitada por toda a assembléia;
saudação da paz como confraternização geral de todos. Não se enfraqueça a força
do Amém final da oração eucarística pela recitação em comum da doxologia, pois
este Amém é a ratificação pela assembléia de toda a ação de graças e súplica
que o sacerdote dirige a Deus, em nome de todos, na oração eucarística.
Evidentemente,
a eucaristia não é uma refeição qualquer, mas a Ceia do Senhor, na qual fazemos
memória do seu sacrifício da cruz, de sua morte e ressurreição. Como diz o nome
“eucaristia”, ela é ação de graças e louvor. Anunciando a morte do Senhor,
proclamando a sua ressurreição, celebramos a páscoa do Senhor, do Cristo todo,
da cabeça e dos membros do corpo místico. Celebramos a nova e eterna aliança e
a antecipação do banquete eterno do reino definitivo. Na celebração, Jesus está
realmente presente não apenas nas espécies do pão e do vinho, mas também na
assembléia, nos ministros, na Palavra proclamada, na oração e no canto, já que
a eucaristia, como toda celebração litúrgica, é exercício do sacerdócio de
Jesus Cristo, dele e de todos que pelo batismo participam do seu sacerdócio. E,
como também o Concílio Vaticano II diz: tudo isso “pela força do Espírito
Santo” (SC 6).
No Novo
Testamento, encontramos vestígios de uma Liturgia da Palavra, que precede a
própria ceia eucarística, sobretudo no caminho dos dois discípulos de Emaús
(cf. Lc 24, 13-35) e em Trôade (cf. At 20, 7-12). Desde o segundo século, estas
duas partes da missa – Liturgia da Palavra e Liturgia Eucarística -, que formam
um único ato de culto, são claramente documentadas.
Os Ritos
Iniciais e Finais da missa completam a estrutura da celebração eucarística.
Eles não devem, no entanto, receber um peso indevido. Deve se ter cuidado
também com silêncio ou canto ou oração meditativos depois da comunhão: eles não
deveriam ser chamados de momento de “ação de graças”, porque ação de graças é a
missa toda, mais explicitamente a oração eucarística.
O culto
eucarístico, a oração individual ou comunitária diante do sacrário, a bênção do
Santíssimo Sacramento, procissões, como a de Corpus Christi, são desdobramentos
da celebração do mistério da eucaristia, que não devem ofuscar a natureza da
eucaristia como celebração da memória do sacrifício de Jesus Cristo em forma de
ceia. Por isso, tais devoções não devem ser inseridas na missa.
2. O centro da
missa: memorial da Páscoa de Cristo
A aclamação
memorial que segue à narrativa da instituição da eucaristia, também chamada
aclamação anamnética, (“Anunciamos, Senhor, a vossa morte...”), juntamente com
a anamnese que se lhe segue, expressa que na eucaristia se realiza o que Cristo
ordenou na última ceia: o memorial de seu mistério pascal. A eucaristia é, em
primeiro lugar, memorial da morte e ressurreição do Senhor sob o sinal do pão e
do vinho dados em refeição, em ação de graças e súplica.
É preciso
criar consciência da eucaristia como memorial do mistério pascal. Valorizar a
teologia do mistério pascal, estudá-la melhor partindo dos ritos e mergulhar em
sua mística e espiritualidade.
Quem preside,
bem como as equipes de liturgia, deve ter claro todo o conteúdo teológico e
espiritual dos ritos.
Nossa
preocupação não deve ser somente intelectual para que o povo entenda, mas levar
o povo a experimentar o mistério pascal, mostrando a ligação entre a fé e a
vida (“Páscoa de Cristo na páscoa da gente, páscoa da gente na páscoa de
Cristo” ) para que a eucaristia nos impulsione a dar a vida pelos irmãos e
irmãs, como fez Cristo em sua morte e ressurreição.
O memorial do
mistério pascal de Cristo, segundo a ordem do Senhor, se realiza “fazendo o que
ele fez naquela ceia derradeira”: “Tomou o pão” (preparação dos dons),
“pronunciou a bênção de ação de graças” (oração eucarística ou anáfora),
“partiu o pão” (fração do pão) “e o deu a seus discípulos” (comunhão).
3.1. A oração
eucarística
No centro
desses gestos rituais, encontra-se a oração eucarística ou anáfora, a grande e
solene prece de aliança, na qual recordamos celebrativamente a ação salvífica
de Deus, por Cristo, no Espírito Santo e, confiados em tais maravilhas do
Senhor, suplicamos que o Pai envie seu Espírito para que transforme o pão e o
vinho no corpo sacramental de Cristo e transforme a nós, comungantes, no corpo
eclesial do Ressuscitado.
A oração
eucarística é oração do povo sacerdotal chamado a celebrar a aliança que Deus,
seu parceiro, estabeleceu por meio da Páscoa de seu Filho. Faz-se necessário o
conhecimento e o aprofundamento de seu sentido e de sua estrutura
literárioteológica como confissão da fidelidade de Deus e da fragilidade
humana. A oração eucarística é um todo, cuja unidade de estrutura e estilo
próprio devem ser respeitados. Vale lembrar que apenas a oração eucarística I e
III não têm prefácio próprio. A oração II admite troca de prefácio e, em certas
circunstâncias (por exemplo, Quaresma e ocasiões penitenciais), também as
orações sobre a reconciliação. Nas demais, prefácio e oração eucarística formam
uma unidade inseparável.
A participação
da assembléia é fundamental e é facilitada pelo canto da aclamação memorial
(“Anunciamos, Senhor...” ), do amém final, do Santo e das outras intervenções.
Essa participação não se restringe a essas aclamações, hinos e intervenções. Os
fiéis aprendam também “a oferecer-se a si próprios ao oferecer juntamente com o
sacerdote, e não só pelas mãos dele, a hóstia imaculada; que, dia após dia, por
Cristo mediador, progridam na unidade com Deus e entre si para que, finalmente,
Deus seja tudo em todos” (SC 48). l
Ao menos nos
domingos e nos dias festivos, cante-se em tom de exultação a aclamação
memorial. Evitem-se cantos e expressões devocionais (“Bendito, louvado seja”,
“Deus está aqui”, “Eu te adoro, hóstia divina”, “Graças e louvores se dêem a
todo momento” etc.).
O amém final,
que merece a mesma exultação, é a confirmação solene do povo à prece que o
ministro ordenado, em nome da Igreja inteira, elevou a Deus por Cristo, com
Cristo, em Cristo, na unidade do Espírito Santo. Pelo menos aos domingos e dias
de festa, ela merece ser cantada.
Compete a quem
preside, pelo seu tom de voz, pela atitude orante, pelos gestos, pelo semblante
e pela autenticidade, elevar ao Pai o louvor e a oferenda pascal de todo o povo
sacerdotal, por Cristo, no Espírito.
A
sensibilidade, a espiritualidade e a devida preparação de quem preside (evitando-se
os subjetivismos) permite escolher o prefácio relacionado com o Evangelho do
dia, como expressão da ligação entre as duas mesas, tal como se encontra, por
exemplo, nos prefácios do Missal Romano nos domingos da Quaresma, acompanhando
os evangelhos do lecionário do ano A.
Nem pelo tom
da voz nem de qualquer outra maneira, se isole a narrativa da última ceia do
resto da oração eucarística, como se fosse uma peça à parte.
Não convém se
deter na elevação do pão e do cálice, já que é próprio da Oração Eucarística a
ação de graças dirigida em adoração ao Pai.
A narração da
instituição da eucaristia não é uma imitação da última ceia, por isso, não se
parte o pão neste momento. A liturgia eucarística é fazer o que Jesus fez:
tomou o pão e o vinho, deu graças, partiu o pão e o deu juntamente com o vinho
(para comer e beber). O partir o pão, como Jesus fez, corresponde à fração do
pão em vista da comunhão.
3.2. Ritos de
comunhão
“Sendo a
celebração eucarística a ceia pascal, convém que, segundo a ordem do Senhor, o
seu Corpo e o seu Sangue sejam recebidos como alimento espiritual pelos fiéis
devidamente preparados. Esta é a finalidade da fração e dos outros ritos de
comunhão” (IGMR 80).
“Na oração do
Senhor pede-se o pão de cada dia, que lembra para os cristãos antes de tudo o
pão eucarístico, e pede-se a purificação dos pecados, a fim de que as coisas
santas sejam verdadeiramente dadas aos santos” (IGMR 81).
No rito da
paz, os fiéis imploram a paz e a unidade para a Igreja e para toda a família
humana e exprimem mutuamente a caridade antes de participar do mesmo pão.
Cuide-se, no entanto, para que o gesto da paz não obscureça o rito da fração do
pão (cf. IGMR 82).
A fração do
pão, nome dado à eucaristia, já nos tempos apostólicos, expressava a unidade
dos que comungam no único pão e no único cálice. É um gesto profético de
compromisso eclesial ético e social: quem come do pão que o Senhor reparte para
nós compromete-se a repartir seu pão com os irmãos, sobretudo com os mais
necessitados, e a se preocupar com estruturas sociais mais igualitárias entre
classes sociais, povos e continentes.
A fração do
pão seja uma ação ritual visível, acompanhada meditativamente pela assembléia
com o canto do Cordeiro. A comunhão manifesta a unidade de todos, sendo sua fonte
o corpo de Cristo “entregue” e o seu sangue “derramado” por nós, “por um
Espírito eterno” (Hb 9,14). “Pela fração do pão e pela comunhão os fiéis,
embora muitos, recebem o Corpo e o Sangue do Senhor de um só pão e de um só
cálice, do mesmo modo como os Apóstolos, das mãos do próprio Cristo” (IGMR
72,3). O canto da comunhão, que pode retomar o evangelho do dia, garante a
unidade das duas mesas (palavra e eucaristia). Cantos de adoração ao Santíssimo
e cantos de cunho individualista ou temático não expressam a densidade desse
momento.
“Tomai e comei, tomai e bebei” foi o
mandamento deixado por Cristo na ceia: tomar o pão e beber do cálice.
A verdade do
sinal exige que o pão eucarístico seja reconhecido como alimento, e que,
portanto, sempre que possível, o pão, embora ázimo, seja preparado de tal forma
que possa ser repartido entre todos (cf. IGMR 320 e 321).
Da mesma
forma, valorize-se, na medida do possível, a comunhão do cálice, sob a espécie
de vinho, para todos os fiéis, pois assim se “ressalta mais perfeitamente o
sinal do banquete eucarístico, e expressa-se com mais clareza a vontade segundo
a qual a nova e eterna Aliança foi selada no sangue do Senhor, e, ainda, a
relação entre banquete eucarístico e o banquete escatológico no reino do Pai
(cf. Mt 27-29)” .
Valem todos os
esforços para garantir aos comungantes o santo alimento oferecido na mesma
celebração, deixando a reserva eucarística para a finalidade a que se destina,
a saber, a comunhão aos enfermos e o culto eucarístico. l Privilegie-se o silêncio
como expressão de intimidade pessoal e comunitária com o mistério.
3.3.
Preparação das oferendas
A preparação
dos dons tem uma finalidade prática, expressa na procissão do pão e do vinho
trazidos ao altar. Segundo o costume das refeições judaicas, se bendiz a Deus
pelo alimento básico, o pão, e pela bebida mais significativa, o vinho.
O pão e o
vinho são sinais deixados pelo Senhor. Para maior veracidade do sinal, o pão
apresentado deveria parecer pão e o vinho deveria ser para todos. A preparação
da mesa, feita com simplicidade, deve realçar o essencial: o pão em um único
prato (sem patena à parte para o padre), o vinho em um único cálice ou vários
cálices (cf. IGMR 207).
Sejam trazidos
na procissão apenas pão e vinho, bem como alimentos a serem distribuídos entre
os pobres e dinheiro para as necessidades dos pobres e da comunidade. Contudo,
em circunstâncias especiais “a procissão tornar-se-á mais expressiva se levar
também para junto do altar ofertas simbólicas alusivas à comemoração realizada
naquele dia ou a algum aspecto da vida da comunidade. Os cristãos, outrora,
para expressar a sua participação no sacrifício eucarístico, eram muito
sensíveis à oferta do pão, do vinho e de dádivas para os pobres” .
Na liturgia da
Palavra, Deus chama e propõe as condições da aliança, o povo as ouve e aceita.
Na liturgia Eucarística, a aliança é “selada” no sangue do Cordeiro. Agora o
Cristo, em seu mistério pascal (Evangelho), é a chave de leitura da revelação
bíblica (demais leituras) e dos acontecimentos atuais (a vida que trazemos para
a eucaristia).
Quando, na
missa, lemos e interpretamos as Sagradas Escrituras, é o próprio Cristo que
fala (cf. SC 7). A força sacramental da Palavra na liturgia faz acontecer
aquilo que anuncia; realiza nossa transformação pascal. Na liturgia da Palavra,
Cristo está realmente presente e atuante no Espírito Santo.
Daí decorre a
exigência para os leitores, ainda maior para quem proclama o Evangelho, de ter
uma atitude espiritual de quem está sendo porta-voz de Deus que fala ao seu
povo.
À preparação
espiritual se alia a preparação técnica: postura do corpo, tom de voz,
semblante, a maneira de aproximar-se da mesa da palavra, as vestes.
A função do
salmista é de suma importância. Sua função ministerial corresponde à função dos
leitores e leitoras, pois o salmo é também Palavra de Deus posta em nossa boca
para respondermos à sua revelação. Por isso, o salmo deve ser proclamado do
ambão e, se possível, cantado.
A homilia
(conversa familiar) interpreta as leituras bíblicas dentro da realidade atual,
tem o mistério de Cristo como centro do anúncio e faz ligação com a liturgia
eucarística (dimensão mistagógica) e com a vida (compromisso e missão).
Em todo o
rito, a Palavra é realçada também por momentos de silêncio, por exemplo, após
as leituras, o salmo e a homilia, fortalecendo a atitude de acolhida à Palavra.
No silêncio, o Espírito torna fecunda a Palavra no coração da comunidade.
A mesa da
Palavra e a mesa da Eucaristia formam um só ato de culto, portanto há de se
manter um equilíbrio de tempo entre as duas. Demasiada atenção dada à procissão
de entrada e a outras procissões, bem como homilias prolongadas, introduções às
leituras parecendo comentários ou pequenas homilias prejudicam o rito eucarístico
que, em conseqüência, passa a ser feito de forma apressada.
Priorize-se a
entrada solene do Evangeliário na procissão inicial. Na falta deste, embora não
mereçam a mesma solenidade, podem ser trazidos o Lecionário ou a Bíblia. A
entrada com a Bíblia se faça só em ocasiões bem especiais.
“Na oração
universal ou oração dos fiéis, o povo responde de certo modo à palavra de Deus
acolhida na fé e exercendo a sua função sacerdotal, eleva preces a Deus pela
salvação de todos. Convém que normalmente se faça esta oração nas Missas com o
povo, de tal sorte que se reze pela Santa Igreja, pelos governantes, pelos que
sofrem necessidades, por todos os seres humanos e pela salvação do mundo
inteiro.
No entanto, em
alguma celebração especial, tal como Confirmação, Matrimônio, Exéquias, as
intenções podem referir-se mais estreitamente àquelas circunstâncias.
“Cabe ao
sacerdote celebrante, da cadeira, dirigir a oração. Ele a introduz com breve
exortação, convidando os fiéis a rezarem e depois a conclui. As intenções propostas
sejam sóbrias, compostas por sábia liberdade e breves palavras e expressem a
oração de toda a comunidade. Normalmente as intenções são proferidas, do ambão
ou de outro lugar apropriado, pelo diácono, pelo cantor, pelo leitor ou por um
fiel leigo. O povo, de pé, exprime a sua súplica, seja por uma invocação comum
após as intenções proferidas, seja por uma oração em silêncio”(IGMR 71).
5. Ritos
Iniciais
A eucaristia
congrega a comunidade e a envia, renovada, ao mundo, como povo convocado por
Deus.
Os ritos
iniciais e os ritos finais expressam uma eclesiologia: somos povo convocado por
Deus, reunido no amor de Cristo, na força do Espírito Santo para sermos
enviados em missão.
Podemos assim celebrar a memória do mistério pascal e nos
tornar, cada vez mais, o que como batizados nunca deixamos de ser: o corpo
eclesial de Cristo, chamado a ser na sociedade o sacramento da unidade de todo
o gênero humano (cf. LG 1) .
Os ritos iniciais fazem com que os fiéis,
reunindo-se em assembléia, constituam uma comunhão em Cristo e se disponham a
ouvir atentamente a palavra de Deus e a celebrar dignamente o sacramento da
unidade (cf. IGMR 46).
Precedida pela
procissão de entrada, que é acompanhada do canto de abertura, a saudação
inicial ressalta que é Deus que nos convoca. Só depois desta saudação convém
situar a celebração, no tempo ou festa litúrgica e na realidade da comunidade
com a recordação da vida, especialmente em comunidades menores, na quais os
fiéis podem efetivamente recordar em voz alta os acontecimentos.
Evitem-se os
costumeiros “comentários iniciais”.
A recordação
da vida é o espaço ideal para manifestar os fatos marcantes como aniversários,
bodas, momentos de dor e de luto, missas de 7o e 30o dia e, principalmente, os
acontecimentos importantes que ocorreram durante a semana que passou, na
comunidade, na cidade, na região e no mundo.
O lugar
próprio da lembrança dos falecidos é nas intercessões da oração eucarística
(memento dos mortos). Não se exclui a possibilidade de rezar pelos defuntos
também na oração dos fiéis, especialmente em missas pelos falecidos. Deve-se
evitar fazer a leitura de uma lista de intenções antes da missa, menos ainda
antes da oração do dia (coleta), após o “oremos”.
O ato
penitencial é um apresentar-se pequeno diante da grandeza de Deus, reconhecendo
sua misericórdia e nossa indignidade. Não deve ser confundido com o sacramento
da penitência. Evitem-se, pois, as descrições de pecados.
A aspersão com
água é um rito próprio do domingo, Dia do Senhor, páscoa semanal. Este rito
significativo substitui o ato penitencial. Recorda o nosso batismo, que nos
inseriu no Mistério Pascal e que nos fez morrer para o pecado e renascer para
uma vida nova. Acentua nossa identidade de povo sacerdotal.
O Glória não é
um hino trinitário, mas cristológico. Deve-se estar atento a este fato na
escolha dos cantos para o momento do Glória. Ideal seria cantar o texto mesmo,
tal como nos foi transmitido desde a antiguidade.
A oração do
dia (coleta) é a súplica do povo sacerdotal que se abre ao diálogo da aliança e
ao rito eucarístico. É uma oração presidencial, precedida de um silêncio
significativo, que integra a oração silenciosa da assembléia à do ministro que
preside.
6 Ritos Finais
Os ritos
finais têm uma estreita relação com os ritos iniciais. Pelos ritos iniciais
somos convocados para estar com o Senhor e nos finais somos enviados em missão
(cf. Mc 3,14), para sermos, entre todos os povos e culturas, sacramento de
unidade e da salvação de todo o gênero humano (cf. LG 1), mensageiros de solidariedade,
paz, justiça, transformação pascal, vida, salvação e aliança.
Como membros
da comunidade, devemos estar cientes e participar das iniciativas tomadas pelas
pastorais e outros grupos da comunidade. Daí a importância das comunicações
feitas neste momento. Sejam elas objetivas, claras e devidamente motivadas,
para maior envolvimento da comunidade.
Na bênção em
nome da Trindade, leve-se em conta as possibilidades que o missal oferece
(bênçãos solenes, oração sobre o povo). Ela expressa que o mistério celebrado
na ação ritual se prolonga na vida cotidiana do povo em todas as suas
dimensões.
Para as
palavras finais da despedida o missal apresenta várias alternativas. Ressaltese
aí a graça do Senhor que nos acompanha no nosso dia-a-dia e o culto verdadeiro que
o cristão exerce por sua própria vida (cf. Rm 12,1-2). Com a devida preparação
prévia, a despedida pode ser relacionada com o Evangelho que foi proclamado,
desde que isto não se torne mais uma pseudo-homilia. O rito termina com a
aclamação “graças a Deus” da assembléia, que significa: exultamos por Ele nos
acompanhar com sua graça na missão que nos confiou.
Desde o
primeiro momento da celebração (ritos iniciais), a Igreja aparece visivelmente
nas suas características essenciais: povo convocado por Deus no Espírito Santo,
sob a presidência do ministro ordenado, reunido em torno das duas mesas: a da
Palavra, em que se proclama a ação salvífica de Deus, e a da eucaristia, em que
se realiza o memorial do mistério pascal de Cristo. O celebrante principal da
eucaristia é o próprio Cristo. Ele está presente no ministro ordenado,
sacramento do Cristo-cabeça, e na assembléia, seu corpo eclesial. A comunidade
toda – povo e ministro ordenado – celebra a eucaristia, cada um na sua função
específica que lhe foi conferida pelos sacramentos: batismo, crisma e ordem.
É preciso, por
isso, na formação litúrgica realçar que a Igreja procura, solícita e cuidadosa,
que os cristãos não entrem neste mistério de fé como estranhos ou espectadores
mudos, mas participem na ação sagrada, consciente, ativa e piedosamente e, ao
oferecer juntamente com o sacerdote a hóstia imaculada, aprendam a oferecer-se
a si mesmos como oferta agradável a Deus (cf. SC 48).
Por isso:
há que se
despertar a consciência de que a eucaristia é uma ação comunitária e eclesial
de caráter vivencial irrenunciável;
há que se
descobrir a celebração da eucaristia como fonte de espiritualidade;
enquanto não
formamos uma comunidade de fé, não estamos atingindo a finalidade da eucaristia
e, portanto, não alcançamos nosso objetivo missionário como corpo de Cristo;
todos são “concelebrantes”; os padres podem ser “co-presidentes”.
É preciso
ajudar o povo a reivindicar o direito de ter a eucaristia por ser uma
comunidade eclesial.
8. Missas e
orações para diversas circunstâncias
Como a
liturgia dos Sacramentos e Sacramentais obtém para os fiéis, devidamente
preparados, que quase todos os acontecimentos da vida sejam santificados pela graça
divina que flui do mistério pascal (cf. SC, 61) e como a Eucaristia é o
sacramento dos sacramentos, o Missal fornece formulários de Missas e orações
que, nas diversas ocasiões da vida cristã, podem ser usados pelas necessidades
do mundo inteiro, da Igreja universal e da Igreja local.
Tendo em vista
a mais ampla faculdade de escolher leituras e orações, convém que as Missas
para as diversas circunstâncias sejam empregadas moderadamente, isto é, quando
a oportunidade o exigir. Em todas as Missas para as diversas circunstâncias, a
não ser que se disponha de outro modo, é permitido usar as leituras do
respectivo dia da semana, bem como seus cânticos interlecionais, se combinarem
com a celebração (cf. IGMR 368-370; 376).
As Missas para
as diversas circunstâncias são de três tipos.
8.1. Missas
rituais
As Missas
rituais são proibidas nos domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa, nas
solenidades, nos dias da oitava da Páscoa, na Comemoração de todos os Fiéis
Defuntos, na Quarta-feira de Cinzas e Semana Santa, observando-se, além disso,
as normas dos livros rituais e das próprias Missas (cf. IGMR 372). O matrimônio
pode ser celebrado dentro da Missa todos os dias do ano, exceto no Tríduo
Pascal, Natal, Epifania, Ascensão, Pentecostes, Corpo e Sangue de Cristo ou
outras solenidades de preceito. Nos demais domingos e solenidades, pode haver
celebração do matrimônio dentro da Missa, usando-se o formulário da Missa do
dia e acrescentando-se a bênção nupcial e, se for oportuno, a fórmula
apropriada para a bênção final sobre os noivos. Nessas ocasiões, pode-se
proclamar uma das leituras previstas para a celebração do matrimônio. Nos
domingos do Tempo do Natal ou durante o ano, se a missa em que o matrimônio é
celebrado não coincide com a missa da comunidade paroquial, pode-se usar, na
íntegra, o formulário da Missa do matrimônio. Se o matrimônio for celebrado no
Tempo do Advento ou no da Quaresma, ou em outros dias de penitência, o pároco
previna os noivos acerca do caráter penitencial desses tempos litúrgicos.
8.2.Missas e
orações para diversas necessidades
Ao ocorrer uma
necessidade mais grave ou por utilidade pastoral, pode-se celebrar em qualquer
dia a Missa conveniente com ordem ou permissão do Ordinário do lugar, exceto
nas solenidades, nos domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa, nos dias da
oitava da Páscoa, na Comemoração de todos os Fiéis Defuntos, na Quarta-feira de
Cinzas e na Semana Santa. Quando ocorre uma memória obrigatória ou nos dias de
semana do Advento até dia 16 de dezembro; nos dias do Tempo de Natal desde o
dia 02 de janeiro, e nos dias do Tempo pascal depois da oitava da Páscoa, de
per si são proibidas as Missas para diversas circunstâncias e votivas.
Se, porém,
verdadeira necessidade ou utilidade pastoral o exigirem poderão ser usadas na
celebração com povo as Missas que correspondam a tal necessidade ou utilidade,
a juízo do reitor da igreja ou do próprio sacerdote celebrante (cf. IGMR 373 e
374).
8.3. Missas
votivas
Para favorecer
a piedade dos fiéis, pode-se celebrar, durante o ano, nos dias de semana em que
ocorra uma memória facultativa ou se celebre o Ofício do dia de semana, as
Missas votivas sobre os mistérios do Senhor ou para honrar a Bem-aventurada
Virgem Maria ou algum Santo (cf. IGMR 375).
Missa votiva
do Sagrado Coração de Jesus, na 1ª sexta-feira do mês.
A Missa votiva
do Sagrado Coração de Jesus, na 1ª sexta-feira de cada mês, é regida pelas
normas gerais das Missas votivas. Portanto, ela é permitida:
1. durante o
Tempo Comum, também quando ocorre uma memória facultativa;
2. se
verdadeira necessidade ou utilidade pastoral o exigirem, na celebração com o
povo, também quando ocorre uma memória obrigatória e em dia de semana do
Advento, do Tempo de Natal, Tempo da Quaresma e do Tempo Pascal depois da
oitava da Páscoa.
Missa votiva
no aniversário do Papa, do Bispo e da ordenação sacerdotal
É de toda
conveniência que, nestes aniversários, se faça uma menção especial a eles, na
oração dos fiéis. Para maior utilidade dos fiéis, pode ser celebrada a Missa
desses aniversários, observando-se as normas para Missas em diversas
circunstâncias.
9. Missas
pelos fiéis defuntos
A Igreja
celebra o sacrifício eucarístico da Páscoa de Cristo, intercedendo pelos fiéis
defuntos, a fim de que, pela comunhão de todos os membros de Cristo entre si, o
que obtém para uns o socorro espiritual, traga aos outros a consolação da
esperança (cf. IGMR 379).
“Entre as
Missas pelos fiéis defuntos, ocupa o primeiro lugar a Missa das exéquias, que
pode ser celebrada todos os dias, exceto nas solenidades de preceito, na
Quinta-feira Santa, no Tríduo pascal e nos domingos do Advento, da Quaresma e
da Páscoa”(IGMR 380).
“As outras
Missas pelos fiéis defuntos, ou Missas `cotidianas`, podem ser celebradas nos
dias de semana do Tempo comum, quando ocorre uma memória facultativa ou é
rezado o Ofício do dia de semana, contanto que realmente sejam celebradas em
intenção dos fiéis defuntos”(IGMR 381). À missa das exéquias podemos equiparar
a missa de 7º dia.
“A Missa pelos
fiéis defuntos, ao receber-se a notícia da morte, ou por ocasião da sepultura
definitiva, ou no dia do primeiro aniversário, pode ser celebrada também nos
dias dentro da oitava de Natal, nos dias em que ocorrer uma memória obrigatória
ou num dia de semana, exceto Quarta-feira de Cinzas e na Semana Santa”(IGMR
382).
“Nas Missas
exequiais haja, normalmente, uma breve homilia, excluindo-se, no entanto,
qualquer tipo de elogio fúnebre”(IGMR 382). Recomenda-se também a homilia nas
demais Missas pelos fiéis defuntos celebradas com o povo.
“Se a Missa
exequial é imediatamente seguida pelo rito dos funerais, terminada a oração
depois da comunhão e omitidos os ritos finais, realiza-se a última encomendação
ou despedida. Esse rito é celebrado apenas quando estiver presente o corpo”
(IGMR 384).
“Na organização
da escolha das partes da Missa pelos fiéis defuntos, principalmente da Missa
exequial, que podem variar (por exemplo, orações, leituras e oração universal),
convém levar em conta, por motivos pastorais, as condições do falecido, de sua
família e dos presentes”(IGMR 385).
“Além disso,
os pastores levem especialmente em conta aqueles que por ocasião das exéquias
comparecem às celebrações litúrgicas e escutam o Evangelho, tanto os
nãocatólicos, como católicos que nunca ou raramente participam da Eucaristia,
ou parecem ter perdido a fé, pois os sacerdotes são ministros do Evangelho de
Cristo para todos” (IGM 385).
10. Missas com
presença de vários bispos e/ou presbíteros
Na Missa em
que vários presbíteros participam, todos agem em virtude do mesmo sacerdócio e
na pessoa do mesmo Sumo Sacerdote, com uma única vontade e com uma única voz.
Numa única ação sacramental, eles realizam e oferecem o único sacrifício e
participam dele. Desta única celebração, participam também os fiéis, consciente
e ativamente, cada um da maneira que lhe é própria. Assim se manifesta, de modo
vivo, sobretudo quando o Bispo preside, a Igreja em sua unidade, o único altar,
com seus ministros e seu povo (Ecclesiae semper, n. 8 e 9). A concelebração
manifesta e fortalece os laços fraternos entre os presbíteros, pois em virtude
da sua ordenação e Missa comum, eles estão unidos numa fraternidade bem íntima
(Eucharisticum Mysterium, n. 47).
Também na
Missa concelebrada, cada um faça tudo e somente aquilo que lhe compete pela
natureza das coisas e conforme as normas litúrgicas (cf. SC 28). Aqueles que
foram ordenados para presidir as celebrações litúrgicas exercem colegialmente o
ministério da presidência. Igualmente, os outros participantes da celebração
contribuem com os serviços que lhes são próprios. Por isso, devem-se exercer na
Missa concelebrada, na medida do possível, os ministérios do diácono, do
leitor, do cantor e dos ministrantes. Para que haja verdadeira partilha do pão
consagrado, convém preparar partículas grandes de modo a haver verdadeira
fração do pão.
Não é licito
ao sacerdote celebrar mais de uma vez ao dia, exceto nos casos em que, de
acordo com o direito, é lícito celebrar ou concelebrar a Eucaristia mais vezes
no mesmo dia.
Se houver
falta de sacerdotes, o Ordinário local pode permitir que, por justa causa, os
sacerdotes celebrem duas vezes ao dia e até mesmo três vezes nos domingos e
festas de preceito, se as necessidades pastorais o exigirem.
O sacerdote
que celebra mais Missas no mesmo dia pode aplicar cada uma delas segundo a
intenção pela qual foi oferecida a espórtula, mas com a condição de reter para
si a espórtula de uma só Missa, excetuando o dia do Natal do Senhor, e entregar
as outras para os fins determinados pelo Ordinário, admitindo-se alguma
retribuição por título extrínseco.
O sacerdote
que concelebrar no mesmo dia uma segunda Missa, por nenhum título, pode receber
espórtula por ela (cf. cân. 905 e 951).
11.
Orientações litúrgico-pastorais
11.1. Aspersão
do povo nos domingos
O rito da
bênção e aspersão de água benta pode ser feito, em todas as igrejas e
oratórios, em todas as missas de domingo, especialmente dos domingos da Páscoa,
mesmo nas que se antecipam em horas vespertinas do sábado. Este rito substitui
o ato penitencial que se realiza no início da missa.
11.2. Pão para
a celebração da Eucaristia
A verdade do
sinal exige que a matéria da celebração eucarística pareça realmente um
alimento. Convém, portanto, que, embora ázimo e com a forma tradicional, seja o
pão eucarístico de tal modo preparado, que o sacerdote, na Missa com o povo,
possa de fato partir a hóstia em diversas partes e distribuí-las ao menos a
alguns fiéis. Não se excluem, porém, as hóstias pequenas, quando assim o
exigirem o número de comungantes e outras razões pastorais. O gesto, porém, da
fração do pão, que por si só designava a Eucaristia nos tempos apostólicos,
manifestará mais claramente o valor e a importância do sinal da unidade de
todos num só pão e da caridade fraterna pelo fato de um único pão ser repartido
entre os irmãos (cf. IGMR 321).
11.3. Comunhão
dos fiéis
Quem já
recebeu a santíssima Eucaristia pode recebê-la uma segunda vez no mesmo dia,
somente dentro da celebração eucarística em que participa (CDC, cân. 917;.
Mesmo que já tenham comungado nesse dia, recomenda-se vivamente que comunguem
de novo aqueles que vierem a ficar em perigo de morte (CDC, cân 921, 2).
Recomenda-se também que os fiéis recebam a sagrada comunhão na própria
celebração eucarística; seja-lhes, porém, administrada fora da Missa quando a pedem
por justa causa, observando-se os ritos litúrgicos (CDC, cân. 918).
“É muito
recomendável que os fiéis recebam o Corpo do Senhor em hóstias consagradas na
mesma Missa e participem do cálice nos casos previstos, para que, também
através dos sinais, a comunhão se manifeste mais claramente como participação
no Sacrifício celebrado” (IGMR 85).
11.4. Comunhão
sob as duas espécies
“A Comunhão
realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal, quando sob as duas espécies.
Sob esta forma se manifesta mais perfeitamente o sinal do banquete eucarístico
e se exprime, de modo mais claro, a vontade divina de realizar a nova e eterna
Aliança no Sangue do Senhor, assim como a relação entre o banquete eucarístico
e o banquete escatológico no Reino do Pai” (IGMR 281).
Além dos casos
previstos nos livros rituais, a Comunhão sob as duas espécies é permitida nos
seguintes casos:
a) aos
sacerdotes que não podem celebrar ou concelebrar o santo sacrifício;
b) ao diácono
e a todos que exercem algum ofício na Missa;
c) aos membros
das comunidades na Missa conventual ou na Missa chamada “da comunidade”, aos
alunos dos Seminários, a todos os que fazem exercícios espirituais ou que
participam de alguma reunião espiritual ou pastoral.
O Bispo
diocesano pode baixar normas a respeito da Comunhão sob as duas espécies para a
sua diocese, a serem observadas inclusive nas igrejas dos religiosos e nos
pequenos grupos. Ao mesmo Bispo se concede a faculdade de permitir a Comunhão
sob as duas espécies, sempre que isso parecer oportuno ao sacerdote a quem,
como pastor próprio, a comunidade está confiada, contanto que os fiéis tenham
boa formação a respeito e esteja excluído todo perigo de profanação do
Sacramento, ou o rito se torne mais difícil, por causa do número de
participantes ou por outro motivo.
A Comunhão sob
as duas espécies pode ocorrer nos seguintes casos:
a. quando há
uma Missa de batismo de adulto, crisma ou admissão na comunhão da Igreja;
b. quando há
casamento na Missa;
c. na
ordenação de diácono;
d. na bênção
da Abadessa, na consagração das Virgens, na primeira profissão religiosa, na
renovação da mesma, na profissão perpétua, quando feitas durante a Missa;
e. na Missa de
instituição de ministérios, de envio de missionários leigos e quando se dá na
Missa qualquer missão eclesiástica;
f. na administração
do viático, quando a Missa é celebrada em casa;
g. quando o
diácono e os ministros comungam na Missa;
h. havendo
concelebração;
i. quando um
sacerdote presente comunga na Missa;
j. nos
exercícios espirituais e nas reuniões pastorais;
l. nas Missas
de jubileu de sacerdócio, de casamento ou de profissão religiosa;
m. na primeira
Missa de um neo-sacerdote;
n. nas Missas
conventuais ou de uma “Comunidade”;
4. Na ocasião
de celebrações particularmente expressivas do sentido da comunidade cristã
reunida em torno do altar (cf. IGMR, 283).
11.5. Comunhão
na mão
No dia 03 de
abril de 1985, a
Congregação do Culto Divino enviou notificação sobre a Comunhão na mão (Prot.
n. 720/85).
2. De acordo
com os ensinamentos dos Santos Padres, insista-se no “Amém” que o fiel
pronuncia como resposta à fórmula do ministro: “O Corpo de Cristo”. O amém deve
ser uma afirmação de fé.
3. O fiel que
receber a comunhão a leva à boca, ficando com o rosto voltado para o altar,
antes de regressar ao seu lugar.
4. É da Igreja
que o fiel recebe a Eucaristia, por isso deve recebê-la sempre do ministro que
distribui a comunhão e não se servir a si mesmo.
5.
Recomenda-se a todos, em particular às crianças, a limpeza das mãos, como sinal
de respeito para com a Eucaristia.
6.
Recomenda-se vigiar para que pequenos fragmentos do pão eucarístico não se
percam.
7. Jamais se
obrigará algum fiel a adotar a prática da comunhão na mão. Deixar-seá a
liberdade de receber a comunhão na mão ou na boca, em pé ou de joelhos.
11.6. Jejum
eucarístico
Quem vai
receber a santíssima Eucaristia abstenha-se de ingerir qualquer comida ou
bebida, excetuando-se somente água e remédio, no espaço de, ao menos, uma hora
antes da sagrada comunhão.
O sacerdote
que no mesmo dia celebra duas ou três vezes a santíssima Eucaristia pode tomar
alguma coisa antes da segunda ou terceira celebração, mesmo que não haja o
espaço de uma hora.
Pessoas idosas
e doentes, bem como as que cuidam delas, podem receber a santíssima Eucaristia,
mesmo que tenham tomado alguma coisa na hora que a antecede (cân. 919).
11.7.
Aplicação da missa pelo povo
Os pastores de
almas devem aplicar a missa pelo povo que lhes foi confiado, todos os domingos
e nas outras festas de preceito de sua Diocese; mas quem estiver legitimamente
impedido de fazê-lo, aplique-a nesses dias por intermédio de outro ou
pessoalmente em outros dias. O sacerdote a quem estiverem confiadas várias
paróquias, também a título de administração, satisfaz à obrigação aplicando uma
só missa por todo o povo que lhe está confiado. Quem não tiver cumprido esta
obrigação aplique, quanto antes, tantas missas pelo povo quantas tiver omitido
(CDC, cân. 388 a
534; cf. câns. 914, 427 # 1, 540 # 1).
11.8. Adoração
eucarística
11.8.1. O
culto eucarístico fora da missa nasce da celebração da Eucaristia.
A adoração
eucarística, pessoal ou comunitária, deve brotar da celebração do memorial da
Páscoa do Senhor e a ele conduzir. Essa prática orante alcança seu maior
significado quando está em sintonia com o que a Eucaristia é e realiza: a
Aliança de Deus com o seu povo; a construção da Igreja – “escola e casa de
comunhão”. No dizer de Paulo VI, essa relação pessoal com o Senhor favorece o
contínuo crescimento na fé e prolonga a graça do sacrifício eucarístico. Numa
espiritualidade eucarística renovada, a adoração eucarística está em estreita
sintonia com o mistério pascal e com a participação na Ceia do Senhor.
11.8.2. “Nós
adoramos o que conhecemos” (Jo 14,22)
O mistério
eucarístico é o maior e o mais expressivo dos sinais da fé. Guiada pelo
Espírito Santo, a Igreja expressa sua fé na presença de Jesus na Eucaristia,
conservando o pão eucarístico para ser levado aos doentes, aos moribundos e
para receber a adoração que só é devida a Deus . “Ninguém coma dessa carne sem
primeiro adorar...; não só não pecamos adorando-a, mas pecaríamos se não a
adorássemos!”, já dizia Santo Agostinho . O rito do “fermento” que consistia na
prática de levar uma porção do pão consagrado a outra igreja para ser colocado
no cálice, antes da comunhão, testemunha a fé da Igreja na presença permanente
do Senhor. Os bispos enviavam o “fermento” aos seus presbíteros ou a outros
bispos em sinal de unidade.
Usava-se a
palavra fermento para indicar que a Eucaristia deve ser o fermento da comunhão
e da unidade. Fermento que transforma os cristãos, levando-os a formar o único
Corpo de Cristo. Diante da presença do Senhor, podemos pouco a pouco assimilar
o que Ele nos mandou celebrar em sua memória: “Isto é meu corpo entregue por
vós; isto é meu sangue derramado por vós.” Somente um coração humilde pode
beneficiar-se dessa presença de comunhão.
Não podendo
vivenciar e assimilar, no contexto da celebração, todos os aspectos da Ceia do
Senhor, quem se coloca em oração silenciosa diante da Eucaristia retoma as
diversas partes da ação litúrgica, por exemplo o prefácio, a oração
eucarística, a oração do dia ou a oração após a comunhão, as leituras
proclamadas na liturgia da Palavra. Ou então, repete no silêncio do seu
coração: “Eis o mistério da fé”; “Felizes os convidados para a Ceia do Senhor”;
“Ele está no meio de nós!”; “Demos graças ao Senhor nosso Deus!” A adoração a
Jesus no Santíssimo Sacramento leva “os verdadeiros adoradores” a uma profunda
comunhão com o Pai, pelo Filho, no Espírito que ora em seus corações. Ao
contemplar o Pão vivo que desceu do céu para a vida do mundo, sentimos toda a
força da expressão: por Cristo, com Cristo e em Cristo, a vós Deus Pai
todo-poderoso, toda honra e toda glória, agora e para sempre!
11.8.3 A
exposição do Santíssimo Sacramento
A exposição do
Santíssimo Sacramento tem como finalidade facilitar a contemplação do mistério
eucarístico e levar os fiéis a reconhecer na Santíssima Eucaristia “a
maravilhosa presença de Cristo, convidando-os à comunhão de coração que atinge
o seu ponto alto na comunhão sacramental. Portanto, fomenta de modo excelente o
culto em espírito e verdade que lhe é devido .”
A exposição
prolongada do Santíssimo Sacramento
Nas igrejas em
que se conserva o Santíssimo Sacramento, recomenda-se realizar cada ano uma
exposição solene.
Durante a
exposição do Santíssimo proíbe-se, no mesmo recinto, a celebração da
Eucaristia.
Se a exposição
do Santíssimo se prolongar durante um ou vários dias sucessivos, ela será
interrompida para a celebração eucarística.
Não havendo
número suficiente de adoradores, o Santíssimo Sacramento será recolhido ao
tabernáculo. Essa reposição do Santíssimo não deverá ser feita mais de duas
vezes. Ela pode ser feita de forma discreta, isto é, sem cantos e preces.
A exposição
breve
Proíbe-se a
exposição do Santíssimo somente para dar a bênção depois da missa . l As
exposições breves do Santíssimo devem organizar-se de tal maneira que haja
tempo conveniente para a escuta da Palavra, cânticos, preces e momentos de
silêncio .
O ministro da
exposição
O padre ou o
diácono é o ministro ordinário da exposição do Santíssimo Sacramento. Para esta
função deverão estar revestidos de túnica e estola. No final da adoração, são
eles que dão a bênção, usando a capa e o véu de ombros de cor branca.
Os acólitos e
Ministros extraordinários da Sagrada Comunhão podem expor e repor o Santíssimo,
porém não lhes é facultado dar a bênção aos fiéis. O bispo pode conceder a
faculdade de expor o Santíssimo a outras pessoas .
Ambiente
adequado
A exposição se
faz sobre o altar, evitando o uso de tronos. O número de velas não deve
ultrapassar o daquelas que se acendem na missa.
É preferível
que flores e símbolos que recordam a Eucaristia sejam colocados, discretamente,
ao lado do altar.
Para que se
perceba uma melhor relação entre a mesa da Palavra e a mesa eucarística,
recomenda-se que o Lecionário esteja visível.
Não havendo
muitas pessoas para a adoração, é preferível que se faça a exposição na Capela
do Santíssimo.
Cuide-se para
que haja bíblias disponíveis para os que fizerem a sua adoração
individualmente.
À entrada do
recinto da adoração, pode haver um quadro no qual estejam afixadas as intenções
em favor da comunidade ou recomendadas pelo bispo.
Evite-se,
durante a exposição do Santíssimo, abrir e fechar o tabernáculo, para não
perturbar os que estão em oração.
Adoração
eucarística e a escuta da Palavra
A adoração
eucarística é alimentada pela leitura orante da Palavra de Deus. Recomenda-se
que sempre seja proclamada na adoração comunitária.
12. Missas de
Rádio de Televisão
No Brasil, há
muitos anos, temos missas transmitidas pela rádio e pela televisão. Em
encontros nacionais, promovidos pelos bispos, têm-se dado orientações pastorais
sobre o modo de realizá-las e sobre o significado delas na vida dos cristãos.
Muitos
católicos por motivos diversos assistem a essas transmissões. O que dizer sobre
isso? No Concílio Vaticano II, encontramos uma declaração significativa:
"As transmissões por rádio e televisão das funções sagradas,
particularmente em se tratando da Santa Missa, façam-se com discrição e decoro,
sob a direção e responsabilidade de pessoa idônea, escolhida para tal ofício
pelos bispos" (SC 20).
Esta
recomendação encontra uma orientação prática na palavra da Comissão Pontifícia
para as Comunicações Sociais na Instrução Pastoral Communio et Progressio,
publicada em 27 de maio de 1971: "A Missa e outros ofícios litúrgicos
devem ser incluídos no número das transmissões religiosas. É necessário, porém,
que tais programas sejam devidamente preparados, do ponto de vista técnico e
litúrgico. Tenha-se em conta a grande diversidade de público e, se os programas
se destinam também a outros países, deve-se respeitar a sua religião e
costumes" (CP 151).
O Magistério
da Igreja vê na transmissão de celebrações eucarísticas, como também de outras
celebrações, um meio de informar as pessoas sobre a liturgia e sua celebração.
A Instrução da
Sagrada Congregação dos Ritos e Consilium, Eucharisticum Mysterium, vai além e
diz que as transmissões televisivas de Liturgias, especialmente da Missa, devem
ajudar o telespectador a associar-se à Páscoa de Cristo e que a missa
transmitida pela rádio e pela televisão deve ser um modelo da celebração do
sagrado mistério, conforme as leis da reforma litúrgica (cf. EM, 22).
No encontro
com produtores de missas transmitidas pela televisão, em setembro de 1998, a CNBB expressou que
as transmissões devem ajudar os telespectadores a se associarem à Páscoa de
Cristo.
"Seria de
máxima conveniência que, em relação a estas questões, fosse recordado que na
liturgia celebramos o Mistério Pascal. Que haja, por parte de todos, respeito e
fidelidade naquilo que estabelece o Magistério da Igreja com relação à
celebração da Santa Missa e do Culto Eucarístico para que se evitem desvios e
abusos, sobretudo nas transmissões televisivas. Aqueles que assistem à Missa
pela TV sejam estimulados a participar da celebração na assembléia litúrgica.
Cada celebração tenha sempre um tom orante para que transpareça a dimensão de
sacralidade do mistério celebrado. Seja dado o devido valor aos símbolos
litúrgicos, cuide-se das expressões artísticas do espaço celebrativo, dos objetos,
das vestes litúrgicas. O canto e a música estejam de acordo com a índole
própria da celebração, do tempo litúrgico e dos momentos celebrativos ".
A assistência
à missa pela rádio e pela televisão não justifica a ausência na celebração para
quem tem condições de participar dela fisicamente.
As declarações
do Magistério da Igreja não deixam dúvida que as celebrações litúrgicas
transmitidas pelos meios de comunicação social, especialmente pela televisão,
se assistidas com fé, têm valor salvífico para os que não podem participar da
missa em sua comunidade, por exemplo, por doença ou velhice. Toda a nossa vida
em conformidade com Jesus Cristo é um levar a efeito a obra da salvação, isso
vale mais ainda para quem se une espiritual e realmente à Páscoa de Cristo,
assistindo a uma missa transmitida por rádio ou pela televisão.
Podemos entrar
em comunhão com o Senhor Ressuscitado não só pela comunhão eucarística, mas
também de outras maneiras. Por isso, quem não tem possibilidade de participar
fisicamente da assembléia eucarística, tem através da rádio e mais ainda da
televisão uma ótima possibilidade de entrar em comunhão com o Senhor. .
O assistir a
uma celebração pelos meios de comunicação é uma resposta ao Senhor que bate à
nossa porta, pedindo entrada. Aberta a porta, o Senhor entra para realizar o
encontro através da Palavra proclamada para todos e realiza-se um encontro
pessoal, particular e salvífico (cf. Ap 3,20).Na comunhão eucarística, este
encontro é mais profundo e também pessoal no sentido de individual
Certamente as
equipes, que preparam e animam as celebrações transmitidas pela rádio e pela
televisão, devem ter muita consciência do significado e do alcance dessas
celebrações para as pessoas impedidas de se reunirem com a comunidade, como:
doentes, idosos, presos, viajantes, os que moram longe do local das celebrações
comunitárias. Nunca se devem transmitir missas gravadas.
Toda
celebração deve se realizar com unção e ter um tom orante. As celebrações
litúrgicas são celebrações da Igreja e fundadas na longa tradição litúrgica;
por isso, não cabe nelas inventar coisas e nem o cultivo de subjetividades.
Muito menos devem ser palco de ‘shows’ e esnobismos de grupos ou pessoas.
As missas
transmitidas pelos meios de comunicação social se justificam também como espaço
de iniciação dos fiéis e de formação litúrgica do povo.