Espiritualidade Litúrgica - Liturgia -
Guia Litúrgico Pastoral CNBB
APRESENTAÇÃO
Há muito tempo
vem sendo solicitado pelas equipes de liturgia e pelas comunidades um Guia
Litúrgico Pastoral para ajudar na organização e na animação das celebrações,
tendo em vista a participação ativa e consciente do povo na liturgia, a
valorização da vida, das culturas e da rica tradição litúrgica da Igreja.
O presente
Guia Litúrgico Pastoral, inspirado na tradição litúrgica da Igreja e nas
orientações do Magistério, apoia-se nas práticas celebrativas da Igreja e na
caminhada das comunidades. Não pretende cercear nem inibir o trabalho criativo
das equipes de liturgia, mas, imbuído do espírito celebrativo, oferece
princípios e critérios para animar e renovar as celebrações litúrgicas como
memória da Páscoa de Jesus Cristo em realização na humanidade e na vida dos
cristãos.
É um serviço
para enriquecer a pastoral litúrgica nas dioceses e paróquias e desenvolver a
espiritualidade litúrgica como caminho de libertação, comunhão com Deus e
solidariedade com todas as criaturas, sobretudo os seres humanos, com especial
atenção aos mais pobres e oprimidos do mundo.
Os
destinatários do Guia Litúrgico Pastoral são as comunidades e suas equipes de
liturgia. Elaborado numa linguagem simples e popular não substitui a Instrução
Geral do Missal Romano, as Introduções Gerais dos Rituais dos Sacramentos e dos
outros livros litúrgicos. Nelas se apóia e a elas se refere como literatura
indispensável para conhecer, viver e celebrar bem a liturgia.
Dom Manoel
João Francisco
Bispo de Chapecó
Presidente da
Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia
I - O ANO
LITÚRGICO
A liturgia é a
celebração do Mistério Pascal de Cristo. Em volta deste núcleo fundamental da
nossa fé, celebramos o Ano Litúrgico que foi se organizando para manter viva a
memória do Ressuscitado na vida de cada pessoa e de cada comunidade.
O Ano
Litúrgico “revela todo o mistério de Cristo no decorrer do ano, desde a
encarnação e nascimento até a ascensão, ao pentecostes e a expectativa da feliz
esperança da vinda do Senhor” (SC 102). Ele assim nos propõe um caminho
espiritual, ou seja, a vivência da graça própria de cada aspecto do mistério de
Cristo, presente e operante nas diversas festas e nos diversos tempos
litúrgicos (cf. NALC 1).
Em síntese,
através do Ano Litúrgico, os fiéis fazem a experiência de se configurar ao seu
Senhor e dele aprenderem a viver “os seus sentimentos” (cf. Fl 2,5).
O Ano
Litúrgico não apenas recorda as ações de Jesus Cristo, nem somente renova a
lembrança de ações passadas, mas sua celebração tem força sacramental e
especial eficácia para alimentar a vida cristã . Por isso, o Ano Litúrgico é
sacramento e, assim, torna-se um caminho pedagógico-espiritual nos ritmos do
tempo.
Como a vida, a
liturgia segue um ritmo que garante a repetição, característica da ação
memorial. Repetindo, a Igreja guarda a sua identidade. Para fazer memória do
mistério, a liturgia se utiliza de três ritmos diferentes: o ritmo diário,
alternando manhã e tarde, dia e noite, luz e trevas; o ritmo semanal,
alternando trabalho e descanso, ação e celebração; o ritmo anual, alternando o
ciclo das estações e a sucessão dos anos.
1.1 - O ritmo
diário
O anoitecer e
o amanhecer são dois momentos que marcam o dia da comunidade cristã. A Igreja celebra
a memória da páscoa de Jesus na oração da tarde (vésperas) e na oração da manhã
(laudes). Pelo Ofício Divino, o povo de Deus faz memória de Jesus Cristo nas
horas do dia, acompanhando o caminho do sol, símbolo de Cristo - daí o nome
“Liturgia das Horas”. De tarde, o sol poente evoca o mistério da morte, na
esperança da ressurreição. De manhã, o sol nascente evoca o mistério da
ressurreição, novo dia para a humanidade. De noite, nas vigílias,
principalmente na de sábado à noite, que inicia o domingo, dia da ressurreição,
celebramos em espera vigilante o mistério da volta do Senhor. Em algum outro
momento do dia ou da noite, rezamos o “Ofício das Leituras”. E, em qualquer hora do dia, celebramos a
Eucaristia, que abrange a totalidade do tempo.
Com hinos,
salmos e cânticos bíblicos, com leituras próprias, com preces de louvor e de
súplica, celebramos o mistério pascal do Cristo. Como toda a liturgia, o Ofício
acompanha o Ano Litúrgico, expressa nosso caminhar pascal, do nascimento à
morte e ressurreição, do advento à segunda vinda gloriosa de Cristo.
Como oração do
povo de Deus, verdadeira ação litúrgica, o Ofício Divino é excelente escola e
referência fundamental para nossa oração individual. Os ministros ordenados e
religiosos assumem publicamente o compromisso de celebrarem a Liturgia das
Horas nas principais horas do dia. Os fiéis leigos também são convidados a
celebrá-la, individual ou comunitariamente. Podem fazê-lo seguindo o roteiro
simples e adaptado proposto pelo Ofício Divino das Comunidades, que conserva a
teologia e a estrutura da Liturgia das Horas.
Incentivem-se
também outras formas de oração comunitária da Igreja, por exemplo, Ofícios
Breves adaptados, Celebrações da Palavra de Deus, Horas Santas, Ladainhas,
Ângelus, Via-Sacra e Rosário comunitário.
Precisamente
falando, “o dia litúrgico se estende da meia-noite à meia-noite. A celebração
do domingo e das solenidades começa, porém, com as Vésperas do dia precedente”
(NALC 3).
1.2 - O ritmo
semanal
O ritmo
semanal é marcado pelo domingo, o dia em que o Senhor se manifestou
ressuscitado (cf. Mc 16,2; Lc 24,1; Mt 28,1; Jo 20,1).
A história do
domingo nasce na cruz e na ressurreição de Jesus. No primeiro dia da semana,
quando as mulheres foram para embalsamar seu corpo, já não o encontraram mais.
Neste dia, ele apareceu vivo a vários dos discípulos, sozinhos, ou reunidos;
comeu e bebeu com eles e falou-lhes do Reino de Deus e da missão que tinham que
levar adiante (Mt, 28,5-9; Lc 24,13-49; Mc 16,14; Jo 20,11-18; 20,24-29; Ap
1,10). O dia de Pentecostes, vinda do
Espírito Santo, também aconteceu no domingo (At 2,1-11).
“No primeiro
dia de cada semana, que é chamado dia do Senhor ou domingo, a Igreja, por uma
tradição apostólica que tem origem no próprio dia da Ressurreição de Cristo,
celebra o mistério pascal. Por isso, o domingo deve ser tido como o principal
dia de festa” (NALC 4).
O domingo,
conforme rezamos no Prefácio IX dos domingos do Tempo Comum, é o dia em que a
família de Deus se reúne para “escutar a Palavra e repartir o Pão consagrado,
recordar a ressurreição do Senhor na esperança de ver o dia sem ocaso, quando a
humanidade inteira repousará diante do Pai”.
João Paulo II,
na Carta Apostólica sobre o domingo (Dies Domini), apresenta as cinco
características deste dia: Dia do Senhor, Dia de Cristo, Dia da Igreja, Dia do
Homem e Dia dos Dias. O mesmo Papa nos pede, na Carta Apostólica Mane Nobiscum
Domine, que demos “uma atenção ainda maior à missa dominical, como celebração
na qual a comunidade paroquial se reencontra em coro, vendo comumente
participantes também os vários grupos, movimentos, associações nela presentes”
(MND 23).
“Por causa de
sua especial importância, o domingo só cede sua celebração às solenidades e
festas do Senhor. Os domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa gozam de precedência
sobre todas as festas do Senhor e todas as solenidades. As solenidades que
ocorrem nestes domingos sejam antecipadas para sábado”(NALC 5).
O domingo
exclui, por sua natureza própria, a fixação definitiva de qualquer outra
celebração. São exceções somente as festas da Sagrada Família, do Batismo do
Senhor, da Santíssima Trindade, de Jesus Cristo Rei do Universo, a comemoração
de todos os fiéis defuntos, e, no Brasil, as solenidades de S. Pedro e S.
Paulo, da Assunção de Nossa Senhora e de Todos os Santos.
Os dias que
seguem o domingo, chamados dias de semana ou férias, celebram-se de diversos
modos, segundo a importância própria (cf. NALC 16). Para não repetir as missas
do domingo, é conveniente que, no Tempo Comum e não havendo celebração especial,
se utilizem nesses dias também os formulários das Missas votivas e para
diversas circunstâncias.
1.3 - O ritmo
anual
O ano litúrgico
compreende dois tempos fortes: o ciclo Pascal, tendo como centro o Tríduo
Pascal, a Quaresma como preparação e o Tempo Pascal como prolongamento; o Ciclo
do Natal, com a preparação no Advento e o seu prolongamento até a festa do Batismo
do Senhor. Além destes dois temos o tempo Comum.
“Através do
ciclo anual a Igreja comemora todo o mistério de Cristo, da encarnação ao dia
de Pentecostes e à espera da vinda do Senhor” (NALC 17). Este ciclo anual tem
um centro, fonte e cume, que é a solenidade da Páscoa. “A solenidade da Páscoa
goza no ano litúrgico a mesma culminância do domingo em relação à semana” (NALC
18).
O ritmo do Ano
Litúrgico compreende:
1. Tríduo
Pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor - da Missa vespertina na Ceia do
Senhor até as vésperas do domingo da Ressurreição. É o ápice do ano litúrgico
porque celebra a Morte e a Ressurreição do Senhor, “quando Cristo realizou a
obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus pelo seu mistério
pascal, quando morrendo destruiu a nossa morte e ressuscitando renovou a vida”
(NALC 18).
2. Tempo
Pascal - os 50 dias entre o domingo da Ressurreição e o domingo de Pentecostes.
É o tempo da alegria e da exultação, um só dia de festa, “um grande domingo”
(cf. NALC 22). São dias de Páscoa e não após a Páscoa. “Os oito primeiros dias
do tempo pascal formam a oitava da Páscoa e são celebrados como solenidades do
Senhor” (NALC 24). A festa da Ascensão é celebrada no Brasil no 7o domingo da
Páscoa. A semana seguinte, até Pentecostes, caracteriza-se pela preparação à
celebração da vinda do Espírito Santo.
Em sintonia
com as outras Igrejas cristãs, no Brasil, realizamos nesta semana a “Semana de
Oração pela Unidade dos Cristãos”. Recomendam-se para esta ocasião orações
durante a missa, sobretudo na oração dos fiéis, e oportunamente a celebração da
missa votiva pela unidade da Igreja (cf. Dir. Ecum., n. 22 e 24).
3. Tempo da
Quaresma - da 4a feira de Cinzas até a Missa da Ceia do Senhor, exclusive. É o
tempo para preparar a celebração da Páscoa. “Tanto na liturgia quanto na
catequese litúrgica esclareça-se melhor a dupla índole do tempo quaresmal que,
principalmente pela lembrança ou preparação do Batismo e pela penitência, fazendo
os fiéis ouvirem com mais freqüência a palavra de Deus e entregarem-se à
oração, os dispõe à celebração do mistério pascal” (SC 109).
4. Tempo do
Natal - das primeiras vésperas do Natal do Senhor ao domingo depois da Epifania
ou ao domingo depois do dia 06 de janeiro, inclusive. É a comemoração do
nascimento do Senhor, em que celebramos a “troca de dons entre o céu e a
terra”, pedindo que possamos “participar da divindade daquele que uniu ao Pai a
nossa humanidade” . Na Epifania, celebramos a manifestação de Jesus Cristo,
Filho de Deus, “luz para iluminar todos os povos no caminho da salvação” .
5. Tempo do
Advento - das primeiras vésperas do domingo que cai no dia 30 de novembro ou no
domingo que lhe fica mais próximo, até as primeiras vésperas do Natal do
Senhor. “O tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de
preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira vinda do
Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta
lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo
no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o tempo do Advento se apresenta como
um tempo de piedosa e alegre expectativa” (NALC 39).
6. Tempo Comum
- começa no dia seguinte à celebração da festa do Batismo do Senhor e se
estende até a terça-feira antes da Quaresma, inclusive. Recomeça na
segundafeira depois do domingo de Pentecostes e termina antes das Primeiras
Vésperas do 1o. domingo do Advento (cf. NALC 44). A tônica dos 33 (ou 34)
domingos é dada pela leitura contínua do Evangelho. Cada texto do Evangelho
proclamado nos coloca no seguimento de Jesus Cristo, desde o chamamento dos
discípulos até os ensinamentos a respeito dos fins dos tempos. Neste tempo,
temos também as festas do Senhor e a comemoração das testemunhas do mistério
pascal (Maria, Apóstolos e Evangelistas, demais Santos e Santas).
7. As Rogações
e as Quatro Têmporas - em cada estação do ano, a Igreja dedica um ou vários
dias de preces, jejuns e penitência para rogar ao Senhor por diversas
necessidades, principalmente pelos frutos da terra e pelo trabalho humano, e
renderlhe graças publicamente (cf. NALC 45). Estas celebrações têm origem nas
festas de semeadura e nas festas de colheita. Apesar de sua origem agrária,
elas não deixam de ter sentido nos tempos atuais, por causa da crescente
consciência ecológica do mundo moderno.
Conforme
decisão da CNBB, na sua XII Assembléia Geral, em 1971, a regulamentação da
celebração das Têmporas e Rogações fica a critério dos Conselhos Episcopais
Regionais. Para tais celebrações, pode-se escolher as mais adequadas entre as
Missas para diversas circunstâncias.
2. As
solenidades, festas e memórias
As Normas
Universais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário Romano (NALC), promulgadas por
Paulo VI, em 1969, distinguem as celebrações, segundo sua importância, em
Solenidade, Festa e Memória (NALC 10).
2.1 - As
Solenidades
“As
solenidades são constituídas pelos dias mais importantes, cuja celebração
começa no dia precedente com as Primeiras Vésperas. Algumas solenidades são
também enriquecidas com uma Missa própria para a Vigília, que deve ser usada na
véspera quando houver Missa vespertina” (NALC 11). Estas celebrações têm
orações, leituras e cantos próprios ou retirados do Comum.
2.2 - As
festas
“As festas
celebram-se nos limites do dia natural; por isso, não têm Primeiras Vésperas, a
não ser que se trate de festas do Senhor que ocorrem nos domingos do Tempo
Comum e do Tempo do Natal, cujo Ofício substituem” (NALC 13). Na Missa, as
orações, leituras e cantos são próprios ou do Comum.
2.3 - As
memórias
“As memórias
são obrigatórias ou facultativas: sua celebração, porém, se harmoniza com a
celebração do dia de semana ocorrente, segundo as normas expostas nas
Instruções Gerais sobre o Missal Romano e a Liturgia das Horas” (NALC 14).
Trata-se de
celebrações que ocorrem no dia de semana, nas quais se inclui uma simples
recordação (daí memória) do respectivo santo. Neste caso, os elementos
fundamentais, como as leituras, são os do dia de semana ocorrente. “Se, no
mesmo dia, ocorrem no calendário várias memórias facultativas, celebrase apenas
uma, omitindo-se as outras” (NALC 14).
2.3.1 -
Memórias obrigatórias e facultativas
No que se
refere à distinção entre memórias obrigatórias e memórias facultativas, a única
diferença é que as memórias obrigatórias (como seu nome sugere) devem
necessariamente ser celebradas e as memórias facultativas podem ser celebradas
ou omitidas, segundo se considere oportuno.
Quanto ao modo
de celebrá-las, procede-se da mesma maneira em ambos os casos. “Nos sábados do
Tempo Comum, não ocorrendo memória obrigatória, pode-se celebrar a memória
facultativa da Santa Virgem Maria” (NALC 15). Algumas memórias obrigatórias ou
facultativas, quando celebradas, têm Laudes e Vésperas festivas, com antífonas
próprias. Neste caso, nas Laudes, tomam-se os salmos do domingo da primeira
semana e, nas Vésperas, os salmos do comum.
2.4 –
Comemorações
As memórias
obrigatórias, que ocorrem nos dias de semana da Quaresma e nos dias 17 a 24 de dezembro, podem ser
celebradas como memórias facultativas. Neste caso, são chamadas simplesmente de
comemoração.
A celebração
de todos os fiéis defuntos, por não ter caráter de solenidade, festa ou memória
propriamente ditas, é chamada pela Igreja de Comemoração. Trata-se de uma
Comemoração muito especial, celebrada mesmo quando ocorre em domingo.
3. Indicações
particulares (especiais)
3.1 – Os
textos dos Lecionários
As leituras
indicadas nos Lecionários foram dispostas da seguinte maneira: para os domingos
e festas temos um ciclo de três anos (está no Lecionário Dominical): A –
Mateus; B – Marcos; C – Lucas. O evangelho de João é proclamado em algumas
solenidades e também durante alguns domingos do ano B. Para os dias de semana o
Evangelho tem um ciclo anual e as leituras um cliclo bienal, um para os anos
pares e outro para os anos ímpares (está no Lecionário Semanal). Para as festas
e memórias dos santos, temos leituras próprias, indicadas no Lecionário
Santoral.
3.2 - Dias
santos de guarda
“Dias de
festa”, “dias de preceito”, “festas de preceito” ou, como se diz, “dias santos
de guarda”, são dias em que “os fiéis têm obrigação de participar da Missa e
devem absterse das atividades e negócios que impeçam o culto a ser prestado a
Deus, a alegria própria do Dia do Senhor e o devido descanso do corpo e da
alma” (cân. 1247)
O domingo é o
dia de festa por excelência, em toda a Igreja. No Brasil, além do domingo, são
festas de preceito os dias: do Natal do Senhor Jesus Cristo (25 de dezembro);
do SS. Corpo e Sangue de Cristo (quinta-feira após o domingo da Santíssima
Trindade); de Santa Maria Mãe de Deus (1 de janeiro); da Imaculada Conceição de
Nossa Senhora (8 de dezembro).
As celebrações
da Epifania, da Ascensão, da Assunção de Nossa Senhora, dos Santos Apóstolos
Pedro e Paulo e a de Todos os Santos ficam transferidas para o domingo, de
acordo com as normas litúrgicas.
3.3 -
Transferência para os domingos do Tempo Comum de celebrações que ocorrem num
dia de semana
Para promover
o bem pastoral dos fiéis, é lícito transferir para os domingos do Tempo Comum
as celebrações pelas quais o povo tem grande apreço e que ocorrem durante a
semana, contanto que, na tabela de precedência, elas se anteponham ao próprio
domingo. Estas celebrações podem ser realizadas em todas as Missas celebradas
com o povo (NALC, 58).
3.4 -
Cumprimento do dever pascal
O tempo útil
para o cumprimento do dever pascal, em conformidade com o Código de Direito
Canônico (cf. cân. 920, 2), é o próprio ciclo pascal, isto é, desde a
Quinta-feira Santa até o domingo de Pentecostes. Por justa causa, este preceito
pode ser cumprido em outro tempo dentro do ano.
3.5 - Jejum e
abstinência
Estão
obrigados à lei da abstinência aqueles que tiverem completado catorze anos de
idade; estão obrigados à lei do jejum todos os maiores de idade (quem completou
18 anos) até os sessenta anos começados. Todavia, os pastores de almas e pais
cuidem para que sejam formados para o genuíno sentido da penitência também os
que não estão obrigados à lei do jejum e da abstinência, em razão da pouca
idade (cf. cân. 1252).
“No Brasil,
toda sexta-feira do ano é dia de penitência, a não ser que coincida com
solenidade do calendário litúrgico. Os fiéis nesse dia se abstenham de carne ou
outro alimento, ou pratiquem alguma forma de penitência, principalmente obra de
caridade ou exercício de piedade.
A Quarta-feira
de Cinzas e a Sexta-feira Santa, memória da Paixão e Morte de Cristo, são dias
de jejum e abstinência. A abstinência pode ser substituída pelos próprios fiéis
por outra prática de penitência, caridade ou piedade, particularmente pela
participação nesses dias na Sagrada Liturgia” .
3.6 - Meses,
semanas e dias temáticos
“A comunidade
deve celebrar a sua vida na liturgia(...). Mas deve celebrá-la à luz de Jesus
Cristo ressuscitado, vivo, presente e atuante na comunidade, e não à luz de um
tema, de uma idéia (...). Deve celebrar a sua vida, sim, com os problemas que
lhe tocam mais de perto; mas à luz da palavra viva, como o único tema... E
quando não se penetra profundamente na palavra de Deus, na docilidade do
Espírito, facilmente pode-se cair na moralização. (...) Assim, o domingo
celebra realmente a vida da comunidade, nos seus diversos coloridos, mergulhada
na única vida do Ressuscitado que lhe dá vida” (Liturgia, 20 anos de caminhada
pós-conciliar, Coleção Estudos da CNBB, no. 42, pág. 79-80).
A liturgia não
pode se tornar lugar para discutir soluções e respostas para os temas e
problemas que afligem a comunidade. A liturgia “não esgota toda a ação da
Igreja” (SC 9). Ele é, sim, “o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao
mesmo tempo, é a fonte donde emana a sua força” (SC 10).
A liturgia não
é primordialmente o lugar de evangelização e conscientização. Ela “não pode ser
aproveitada (usada) quase que exclusivamente para fins que não lhe pertencem.
Pois seu objetivo é a celebração da presença viva do mistério da vida. Daí se
poderá concluir também que a missa não tem tema. Ela é o tema! Existem
coloridos diferentes para a celebração, segundo as ‘cores’ da vida da
comunidade. Mas o único tema é sempre o mesmo na diversidade das situações: a
luz do mistério pascal nas ‘cores’ diferentes da vida trazida com seu mistério
para o encontro da celebração dominical” (Liturgia, 20 anos de caminhada
pós-conciliar, Coleção Estudos da CNBB, no. 42, pág. 79-80).
Para dar aos
meses e dias temáticos o seu justo lugar, é importante que a Equipe de Pastoral
Litúrgica prepare bem a celebração, não reproduzindo apenas folhetos e
subsídios oferecidos. Na missa, os “temas” podem ser lembrados no início (recordação
da vida), na homilia e nas preces dos fiéis.
4. Ocorrência
de celebrações litúrgicas
Se ocorrem no
mesmo dia várias celebrações, celebra-se a que ocupa um lugar superior na
tabela dos dias litúrgicos. Se uma solenidade for impedida por um dia litúrgico
que tem precedência sobre ela, transfere-se para o dia mais próximo que estiver
livre. Quando no mesmo dia coincidem as Vésperas Ofício do dia com as Primeiras
Vésperas do dia seguinte, rezam-se as Vésperas da celebração que, na tabela dos
dias litúrgicos têm precedência; em caso de igualdade, celebram-se as Vésperas
do dia.
Tabela dos
dias litúrgicos por ordem de precedência
I
1. Tríduo
pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor.
2. Natal do
Senhor, Epifania, Ascensão e Pentecostes. Domingos do Advento, da Quaresma e da
Páscoa. Quarta-feira de Cinzas. Férias da Semana Santa, da Segunda à
Quinta-feira, inclusive. Dias dentro da Oitava da Páscoa.
3. Solenidades
do Senhor, da Virgem Santa Maria e dos Santos inscritos no calendário
universal.
4. Solenidades
próprias :
a. Solenidade
do Padroeiro principal do lugar ou da cidade;
b. Solenidade
da Dedicação e do Aniversário da Dedicação da igreja própria;
c. Solenidade
do Título da igreja própria;
d. Solenidade
do Titular ou do Fundador ou do Padroeiro principal da Ordem ou Congregação;
II
5. Festas do
Senhor inscritas no Calendário universal;
6. Domingos do
Tempo de Natal e Domingos do Tempo Comum;
7. Festas da
Virgem Santa Maria e dos Santos inscritas no calendário universal;
8. Festas
próprias :
a. Festa do Padroeiro
principal da diocese;
b. Festa do
aniversário da Dedicação da igreja catedral;
c. Festa do
Padroeiro principal da região ou da província, da nação ou de um território
mais vasto;
d. Festa do
Titular, do Fundador, do Padroeiro principal da Ordem ou Congregação e da
província religiosa, salvo o que se prescreve no n. 4;
e. Outras
festas próprias de cada igreja;
f. Outras
festas inscritas no calendário de alguma diocese ou Ordem ou Congregação;.
9. Férias do Advento, do 17 ao
dia 24 de dezembro, inclusive; Dias da Oitava de Natal; Férias da Quaresma; III
III
10. Memórias
obrigatórias do calendário universal;
11. Memórias
obrigatórias próprias:
a. Memória do
Padroeiro secundário do lugar, da diocese, da região ou da província, da nação
ou de um território mais vasto, da Ordem ou Congregação e da província
religiosa;
b. Outras
memórias obrigatórias inscritas no calendário de cada diocese, Ordem ou
Congregação;
12. Memórias
facultativas, que também se podem celebrar no dias referidos no n. 9, segundo o
modo peculiar descrito nas Instruções Gerais do Missal Romano e da Liturgia das
Horas. Podem celebrar-se da mesma forma, como memórias facultativas, as
memórias obrigatórias que, eventualmente, ocorram nas férias da Quaresma;
13. Férias do
Advento até o dia 16 de dezembro, inclusive; Férias do Tempo de Natal, desde o
dia 2 de janeiro até o sábado depois da Epifania; Férias do Tempo Pascal, desde
a segunda-feira depois da Oitava da Páscoa até sábado antes de Pentecostes,
inclusive;. Férias do Tempo Comum.