26. Considerável número de
pessoas se afasta. Constata-se situações que interpelam a ação evangelizadora
(em relação à liturgia): celebrações litúrgicas que tendem mais à exaltação da
subjetividade do que a comunhão com o Mistério. Sente-se a necessidade de
encontrar uma nova figura de comunidade eclesial, acolhedora e missionária.
46. lugar que a liturgia,
celebrada na comunidade dos fiéis, ocupa na ação missionária da Igreja e no
seguimento de Jesus Cristo. Sendo intimamente unida ao conteúdo do anúncio (lex
orandi, lex credendi), ela “é o ápice para o qual tende a ação da Igreja e, ao
mesmo tempo, a fonte de onde emana toda a sua força”. Por isso, “nenhuma
atividade pastoral pode se realizar sem referencia à liturgia”. Enfim, ela,
fonte de verdadeira alegria (At 2,46), tem um papel fundamental na missão
evangelizadora da Igreja, na consolidação da comunidade cristã, e na formação
dos discípulos missionários.
55. O discípulo missionário de
Jesus Cristo, necessariamente, vive sua fé em comunidade (1Pd 2,9-10), em
“íntima união ou comunhão das pessoas entre si e delas com Deus Trindade”. Sem
vida em comunidade, não há como efetivamente viver a proposta cristã.
Comunidade implica convívio, vínculos profundos, afetividade, interesses
comuns, estabilidade e solidariedade nos sonhos, nas alegrias e nas dores. A
comunidade eclesial acolhe, forma e transforma, envia em missão, restaura,
celebra, adverte e sustenta. Ao mesmo tempo em que hoje se constata uma forte
tendência ao individualismo, percebe-se igualmente a busca por vida
comunitária. Esta busca nos recorda como é importante a vida em fraternidade. Mostra
também que o Espírito Santo acompanha a humanidade suscitando, em meio às
transformações da história, a sede por união e solidariedade.
83. É necessário desenvolver, em
nossas comunidades, um processo de iniciação à vida cristã, que conduza ao
“encontro pessoal com Jesus Cristo”, no cultivo da amizade com Ele pela oração,
no apreço pela celebração litúrgica, na experiência comunitária e no
compromisso apostólico, mediante um permanente serviço ao próximo.
86. Essa mesma inspiração
implica, também, uma estreita relação entre a catequese e a liturgia. Ela
assume o caráter de eco do mistério experimentado e vivenciado na liturgia e se
abre para a missão: “a formação catequética ilumina e fortifica a fé, nutre a
vida segundo o espírito de Cristo, leva a uma participação consciente e ativa
no mistério litúrgico e desperta para a atividade apostólica”. Por sua vez, a
celebração litúrgica, ao mesmo tempo que é atualização do mistério da salvação,
requer, necessariamente, uma iniciação aos mistérios da fé. Neste contexto,
sobressai a formação litúrgica, em todos os níveis da vida eclesial, num
processo mistagógico, integrando na ação ritual o sentido teológico e litúrgico
nela expresso. Nessa perspectiva, compreende-se que a melhor catequese
litúrgica é a liturgia bem celebrada.
a) formar permanentemente a
assembleia litúrgica, dedicando especial atenção aos ministros ordenados e às
equipes de celebração;
b) preparar as celebrações,
respeitando-se as partes que compõem o rito;
c) realizar com dignidade e
competência as ações celebrativas;
d) avaliar a preparação e a
realização em busca do crescimento na qualidade das celebrações.
95. Especial atenção merece a
homilia que atualiza a mensagem da Bíblia de tal modo que os fiéis sejam
levados a descobrir a presença e a eficácia da Palavra de Deus, no momento
atual de sua vida. Ela pode ser “uma experiência intensa e feliz do Espírito,
um consolador encontro com a Palavra, uma fonte constante de renovação e
crescimento”.
101. Investir na animação bíblica
da vida e da pastoral, em agentes e em equipes, leva à instituição e à formação
continuada dos ministros e ministras da Palavra. Implica a “necessidade de
cuidar, com uma adequada formação, do exercício do múnus de leitor na
celebração litúrgica e de modo particular o ministério do leitorado, [...] com
capacitação não apenas bíblica e litúrgica, mas também técnica”.
Em Aparecida, os Bispos
exprimiram a consciência de que “o
número insuficiente de sacerdotes e sua não equitativa distribuição
impossibilitam que muitíssimas comunidades possam participar regularmente na
celebração da Eucaristia. Recordando que a Eucaristia faz a Igreja,
preocupa-nos a situação de milhares dessas comunidades privadas da Eucaristia
dominical por longos períodos de tempo”.
Planejar a pastoral não é um processo
meramente técnico. É uma ação carregada de sentido espiritual. Por isto, todo
processo precisa ser rezado, celebrado e transformado em louvor a Deus.